segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ANTONIO FAGUNDES E BRUNO FAGUNDES APRESENTARAM PEÇA EM VITORIA-ES








Antônio Fagundes e o filho, Bruno, atuam juntos pela primeira vez. A troca de aprendizado entre atores veterano e novato, pai e filho, se estende dos ensaios e se mantém viva mesmo depois do instante de cortinas se abrindo. Em cena, Fagundes pai é o famoso pintor Mark Rothko (1903-1970), um artista cheio de si que, pela primeira vez, considera contratar um aprendiz. Ken, no caso, é o primeiro grande papel de Bruno Fagundes, de 22 anos.
"Vermelho" (Red, no original), peça escrita pelo dramaturgo e roteirista John Logan, é situada no fim dos anos 50, no estúdio de Rothko, em Nova York. Nele, a convivência entre mestre e pupilo logo abre espaço para um duelo entre pinceladas - o ilustre artista prepara telas encomendadas pelo luxuoso restaurante Four Seasons, e é questionado pelo jovem assistente sobre seu comprometimento com um trabalho puramente comercial. Conceitos filosóficos sobre o que é a arte e a quem ela serve dão o tom da discussão.
Na troca entre pai e filho, no entanto, não entram questionamentos. "Os personagens passam por crises, mas nossa relação é muito tranquila. É interessante viver esse embate fictício e depois poder esquecer", diz Fagundes, de 62 anos. Bruno, fruto do casamento com a atriz Mara Carvalho, reconhece que a pressão de atuar ao lado do consagrado ator é inevitável. "Para todo ator jovem, é incrível estar ao lado dele. Qualquer um teria pressão", admite Bruno, para quem Fagundes pai responde, tranquilo: "Talento e vontade própria ele tem. Não me preocupei em passar experiência."
Parte do entrosamento no palco, inclusive, se deve ao encantamento, distinto mas coincidente, que cada um deles teve com o texto de Red. Às mãos de Antônio, caiu durante sua temporada com o monólogo "Restos", em 2009. "Fui logo atrás dos direitos de montagem da peça", conta o ator. Bruno, por sua vez, procurava um texto para teatro e conheceu o roteiro a partir da atriz e produtora Rachel Ripani, que traduziu "Red" para o português. E teve a mesma empolgação que o pai. "Liguei para ele para contar que tinha encontrado um texto incrível. Então ele me disse que estava animado com um. Descobrimos que se tratava do mesmo", conta Bruno.
A alegre coincidência não evitou que o ator novato passasse por testes para conquistar o papel ao lado do pai. "Bruno era o ator perfeito para o papel", diz o diretor Jorge Takla. Com o elenco definido, pai e filho ingressaram em uma imersão nas artes plásticas, que já dura quatro meses. "É um texto difícil e eu me sentia um pouco distante da arte abstrata", diz Fagundes, que estudou técnicas de pintura para as sequências em que trabalha sobre uma tela, com pincel em punho. "Eu me sinto muito mais atraído por ela agora."

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